Emergências Cardíacas: como reconhecer e socorrer
A primeira informação, que as pessoas devem ter à mão, em uma situação de emergência médica, é o telefone para o qual ligar para pedir socorro, seja de um hospital, do médico, ou do serviço de atendimento a urgências. "Faça uma lista com os telefones mais importantes e coloque em um lugar visível", recomenda a Dr. Miguel A Moretti, diretor da SBC-SC biênio 2006- 2007.
O próximo passo é controlar a ansiedade e o estresse. "Ficar nervoso, ansioso e estressado pode complicar ainda mais a situação e faz a pessoa perder tempo, o que, em uma emergência médica, pode ser a diferença entre vida e morte", alerta o médico.
O Dr. Moretti explica que as situações de emergência mais importantes e que exigem socorro rápido são as crises hipertensivas, as pulmonares, as Arritmias Cardíacas, as doenças isquêmicas do coração, as doenças vasculares, como Infarto do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral, e a Parada Cardiorrespiratória.
Arritmias Cardíacas
As Arritmias Cardíacas estão relacionadas ao batimento irregular do coração, que pode ser muito rápido, Taquicardia, ou lento, Bradicardia. Os sintomas são tontura, sonolência, fala sem sentido, desmaio e síncope. Se a pessoa ficar estressada, pode ocorrer dor no peito, falta de ar e sudorese.
A primeira coisa a fazer é verificar se a pessoa está acordada. Se estiver e apresentar poucos sintomas, é preciso facilitar a respiração, colocando-a deitada, depois chamar o médico e seguir suas orientações.
Se tiver muitos sintomas, deve ser levada ao serviço médico de emergência mais próximo. "Não dê a volta na cidade, buscando socorro, muitos dos procedimentos precisam ser feitos o mais rapidamente possível", enfatiza o cardiologista.
Se a pessoa estiver inconsciente, apenas chame o serviço médico.
Doença Isquêmica do Coração
Angina e Infarto são doenças isquêmicas do coração que se caracterizam por dor no meio do peito, que irradia para braços, pescoço e costas, por 10 a 15 minutos. É freqüente a pessoa ter esses sintomas e achar que não é nada, ou confundir com outros problemas de saúde. O Dr. Miguel Moretti recomenda: "Na dúvida, procure um médico".
A Angina e o Infarto podem ser desencadeados pela atividade física e, em geral, os sintomas melhoram com repouso. Também pode se sentir enjôo, falta de ar e fraqueza.
Diante desses sinais, a pessoa deve deitar ou sentar, como ficar mais confortável. No caso de nunca ter tido problemas cardíacos, deve-se esperar alguns minutos e, se os sintomas persistirem, chamar o serviço médico de urgência, ou levar ao hospital mais próximo.
Se a pessoa tem problema cardíaco, deve tomar seu remédio vasodilatador e depois de esperar de três a cinco minutos, se os sintomas não passarem, procurar o médico.
"Nunca dê remédio a quem não está acostumado, isso pode piorar a situação", alerta o médico.
Acidente Vascular Cerebral
Quando a pessoa tem um AVC, em geral, sente dor de cabeça, mal estar, tem paralisia facial, com isso, ao sorrir, fica com um lado do rosto torno, e perde a força, não conseguindo sustentar os dois braços na horizontal em frente ao corpo. Além disso, ao falar uma frase, enrola as palavras ou não consegue falar. Deve-se procurar o serviço médico rapidamente. Quanto mais cedo receber atendimento, maiores são as chances de reverter a situação.
Parada Cardiorrespiratória
A principal emergência cardíaca é a Parada Cardiorrespiratória, quando o coração para de bombear o sangue, podendo levar à morte súbita. Neste caso, siga os passos:
Dr. Miguel Moretti ensina a fazer respiração boca-a-boca
1. Fale com a pessoa e verifique se está bem.
2. Se não obtiver resposta, encarregue alguém de pedir ajuda.
3. Coloque a pessoa deitada com as costas no chão.
4. Eleve a cabeça para trás, desobstruindo as vias aéreas, o que facilita a respiração.
5. Verifique a respiração e, para tanto, tente ouvir ou sentir a pessoa respirando, ou ver o pulmão inflando.
6. Se não estiver respirando, faça respiração boca-a-boca. Tape o nariz da pessoa, sele a boca com a sua e sopre duas vezes, observando o pulmão inflar.
7. Depois faça 30 compressões torácicas. Coloque uma mão sobre a outra, as duas no meio do peito entre os mamilos, braços retos e coloque todo o peso do corpo sobre as mãos.
8. Intercale 30 compressões com 2 respirações boca-a-boca e mantenha o procedimento até chegar o socorro médico.
Com estes procedimentos é possível manter o coração e o cérebro vivos por cerca de 30 minutos.
Para reverter o quadro e restabelecer a respiração é preciso aplicar um choque elétrico com o Desfibrilador Externo Automático (DEA), aparelho fácil de ser carregado e simples de ser operado.
Doenças cardiovasculares no Brasil
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, no Brasil, responsáveis por cerca de 30% dos óbitos. Matam mais do que os diversos tipos de cânceres e os acidentes automobilísticos somados. Anualmente, 360 mil pessoas têm morte súbita, o que significa 986 óbitos por dia, ou 1,4 morte a cada dois minutos, no país.
Cerca de 50% dos óbitos ocorrem antes da vítima chegar ao hospital ou de receber atendimento.
Estudos indicam que o tempo entre a chamada e a chegada da equipe de resgate ao local da emergência é de alguns minutos. Nestes primeiros instantes, após o colapso, as chances de sobrevivência da vítima estão nas mãos de pessoas "leigas".
"Em todo o mundo, as estatísticas comprovam que uma comunidade devidamente treinada aumenta em 50% as chances de sobrevivência das vítimas de acidentes cardiovasculares", afirma o Dr. Miguel A. Moretti.
Dados americanos e canadenses mostram que a chance de sobrevivência após uma parada cardíaca, fora do hospital, é em média 6,5%. Para cada minuto sem ressuscitação cardiopulmonar, a sobrevivência a uma fibrilação ventricular por parada cardíaca cai de 7 a 10%. Quando há atendimento, esse decréscimo cai para 3 a 4% por minuto.
"O problema é que menos de um terço das vítimas são submetidas a manobras de ressuscitação por um leigo e um número ainda menor recebe atendimento de qualidade", salienta o cardiologista.
Programas para leigos dos Estados Unidos relatam altas taxas de sobrevivência depois de parada cardíaca, pois os mesmos orientam a população a responder adequadamente com manobras de ressuscitação e desfibrilação com DEA. O estudo Nort American Public Acess Desfibrillation atesta, por exemplo, que treinamentos para leigos em aeroportos e cassinos, e para policiais têm taxas de sobrevivência de 49% a 74%.
"Esses números demonstram a relevância dos treinamentos em atendimento a emergências cardíacas da Sociedade de Cardiologia do Estado de Santa Catarina (SBC-SC)", finalizado o Dr. Moretti.
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