Resumo das indicações de exames e procedimentos em lesões orovalvares
mitrais e aórticas publicados pela American Heart Associarion e American
College of Cardiology no Circulation
Estenose Aórtica
A área valvar aórtica normal é de 3 a 4 cm². A área valvar deve ser
reduzida a 1/3 para que se desenvolvam sintomas, motivo pelo qual somente
uma área < 1.0 cm² é considerada como estenose aórtica grave. É considerada
estenose aórtica leve se a área é > 1,5 cm² ; moderada de 1,0 a 1,5 cm² e
grave se < 1,0 cm ².
Quando a estenose aórtica é grave e o débito cardíaco normal o gradiente
médio transvalvular geralmente é > 50 mmHg.
Decisões cirúrgicas são baseadas na presença ou ausência de sintomas; a área
valvar ou o gradiente transvalvular geralmente não são os determinantes
primários da necessidade de troca valvar aórtica.
História natural:
Há um longo período latente assintomático sendo a morbimortalidade muito
baixos, com uma taxa média de diminuição da área valvar de aproximadamente
0,12 cm² por ano .Parece que a progressão da estenose aórtica é mais rápida
na degeneração cálcica do que na doença congênita ou reumática.
Após o início dos sintomas a sobrevivência média é < 2 a 3 anos.
Tem sido registrada uma incidência de angina, síncope e dispnéia em
pacientes assintomáticos c/ velocidades ao doppler > 4 m/s de 38% após 2
anos e 79% após 3 anos. Por isto pacientes com estenose aórtica grave
precisam ser acompanhados de perto e advertidos quanto aos possíveis
sintomas indicativos da necessidade de procura por auxilio médico.
Morte súbita pode ocorrer em pacientes com estenose aórtica grave mas tem
sido raramente documentada em pacientes sem sintomas prévios.
Acompanhamento de pacientes assintomáticos:
1 Freqüência de consultas médicas:
2 Freqüência de exames ecocardiográficos:
-
Estenose aórtica leve = cada 5 anos
-
Estenose aórtica moderada = cada 2 anos
-
Estenose aórtica grave = anualmente
Obs: No caso de alteração nos achados clínicos indica-se eco.
Recomendações para a realização de ecocardiografia na estenose aórtica.
Indicação |
Classificação |
1. Diagnóstico e acompanhamento da gravidade da
estenose aórtica
2. Avaliação da função e dimensão do VE e/ou estado hemodinâmico
3. Reavaliação de pacientes c/ estenose aórtica conhecida com
modificações em sua sintomatologia ou exame físico
4. Acompanhamento de modificações na gravidade hemodinâmica e
compensação ventricular em pacientes com estenose aórtica conhecida
durante a gravidez.
5. Reavaliação de pacientes assintomáticos com estenose aórtica
grave .
6. Reavaliação de pacientes assintomáticos com estenose aórtica
moderada a grave e evidências de disfunção de VE ou HVE.
7. Reavaliação rotineira de pacientes adultos assintomáticos com
estenose aórtica leve com exame físico estável e dimensão e função
de VE normais . |
I I
I
I
I
II a
II a
|
Indicações para teste ergométrico:
Apenas para pacientes assintomáticos quando se deseja avaliar a capacidade
ao exercício ou o surgimento de sintomas desencadeados pelo exercício quando
a história clínica é negativa.
Recomendações para a realização de cateterismo cardíaco na estenose aórtica.
Indicação |
Classe |
1. Antes da troca valvar aórtica em pacientes com
risco para doença arterial coronariana . |
I |
2. Avaliação da gravidade da estenose aórtica em
pacientes sintomáticos quando a troca valvar aórtica é planejada ou
quando os exames não invasivos são inconclusivos ou há discrepância
em relação aos achados clínicos e a gravidade da estenose aórtica ou
necessidade de cirurgia . |
I |
3. Acompanhamento da gravidade da estenose aórtica
antes da troca valvar quando exames não invasivos são adequados e
concordantes com os achados clínicos e angiografia coronária não é
necessária . |
II b |
4. Acompanhamento da função de VE e gravidade da
estenose aórtica em pacientes assintomáticos com exames não
invasivos adequados . |
III |
Acompanhamento da estenose aórtica em pacientes c/ disfunção de VE:
Pacientes com estenose aórtica grave e baixo débito cardíaco freqüentemente
se apresentam c/ apenas modesto gradiente de pressão transvalvular . Estes
pacientes podem ser difíceis de distinguir-se dos c/ baixo débito cardíaco e
estenose aórtica leve a moderada .Além dos baixos gradientes transvalvulares
o estado de baixo fluxo também interfere no cálculo da área valvar, que
tende a ser subestimada.
Em pacientes com disfunção de VE e estenose aórtica aparentemente moderada a
grave o cálculo do gradiente de pressão transvalvar pode revelar-se útil,
seja em estado de repouso, como durante o exercício ou estresse
farmacológico (dobutamina). Pacientes sem estenose aórtica anatomicamente
grave exibirão aumento na área valvar durante o aumento do débito cardíaco
de modo que a área valvar calculada sairá da faixa considerada grave,
indicando ausencia de estenose aórtica grave. Já nos portadores de estenose
aórtica verdadeiramente grave, a área valvar também aumenta mas permanece
dentro da faixa de variação indicativa de gravidade.
Indicações p/ troca valvar aórtica:
1) Pacientes sintomáticos:
O prognóstico é similar em pacientes com ou sem disfunção moderada de VE; se
a disfunção não for causada apenas por aumento da pós-carga a melhora pode
não ser completa após a troca valvar, mas a sobrevida é ainda melhor, com
possível exceção para pacientes com grave disfunção de VE causada por doença
arterial coronariana (DAC).
Em pacientes c/ grave disfunção de VE e estenose aórtica com baixos
gradientes, a troca valvar aórtica não deve ser realizada se a estenose não
for anatomicamente grave. Naqueles em que a estenose aórtica é grave,
melhoram a hemodinâmica e o estado funcional após a troca valvar.
Na ausência de serias comorbidades associadas, a estenose aórtica grave
sintomática é indicação p/ troca valvar em todos os pacientes.
2) Pacientes assintomáticos:
Neste caso devemos tentar identificar pacientes que podem ter um alto risco
de morte súbita sem a cirurgia e que apresentam critérios de estenose
aórtica grave; para este tipo de paciente pode indicar-se a cirurgia diante
de:
-
presença de disfunção sistólica de VE
-
resposta anormal ao exercício (exemplo. hipotensão)
-
taquicardia ventricular
-
marcada ou excessiva HVE (> 15 mm)
-
área valvar < 0,6 cm²
Obs: Não é indicada .a prevenção de morte súbita em pacientes
assintomáticos sem nenhum destes achados
3) Pacientes que serão submetidos a
RVM :
Está indicada a troca valvar aórtica em pacientes sintomáticos ou não
com critérios de estenose aórtica grave candidatos a revascularização
miocárdica (RVM) cirurgias em outras valvas cardíacas ou da aorta.
Em pacientes com estenose aórtica moderada a despeito da sintomatologia,
candidatos a RVM, cirurgias em outras valvas cardíacas ou da aorta.
Recomendações para troca valvar aórtica na estenose aórtica
Indicação |
Classe |
1.Pacientes sintomáticos com estenose aórtica
grave . |
I |
2.Pacientes com estenose aórtica grave que
serão submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica . |
I |
3. Pacientes com estenose aórtica grave que
serão submetidos a cirurgia de aorta ou outras valvas. |
I |
4. Pacientes com estenose aórtica moderada que
serão submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica ou
cirurgia de aorta ou outras valvas . |
II a |
5.Pacientes assintomáticos com estenose
aórtica grave e
Presença de disfunção sistólica de VE,
Resposta anormal ao exercício (p. ex. hipotensão)
Taquicardia ventricular
Marcada ou excessiva HVE (> 15 mm) e
área valvar < 0,6 cm²
|
II a
II aII b
II b
II b |
6.Prevençao de morte súbita na ausencia de
qualquer dos achados acima . |
III |
Valvoplastia por balão:
Tem papel limitado nos adultos. Os resultados hemodinâmicos imediatos
incluem a moderada redução no gradiente transvalvar mas a área é
raramente > 1,0 cm².
Sérias complicações ocorrem em torno 10% e reestenose e deterioração
clínica em 6 a 12 meses na maioria dos casos.
Recomendações para valvuloplastia por balão na estenose aórtica.
Indicação |
Classe |
1. Como ponte para cirurgia em pacientes instáveis
hemodinamicamente (edema pulmonar refratário ou choque cardiogênico)
de alto risco p/ troca valvar . |
II a |
2. Como procedimento paliativo em pacientes c/
outras comorbidades sérias. |
II b |
3. Para pacientes que requerem cirurgia não
cardíaca urgente . |
II b |
4.Como alternativa a troca valvar aórtica. |
III |
|