Colesterol
Atenção para os seguintes aspectos:
- O colesterol é produzido no fígado e circula no sangue "encapsulado" por
lipoproteínas.
- O colesterol é um componente fundamental para a integridade das células e
para a produção de hormonios. Seu excesso na circulação, entretato, é danoso
ao organismo.
- Uma destas lipoproteínas, o LDL-colesterol está implicado no risco de
doença coronariana.
- A cada 5 anos a partir dos 20 anos, recomenda-se dosar o colesterol no
sangue.
- As recomendações para o tratamento do colesterol alto devem levar em
consideração os níveis de colesterol total, LDL, HDL e a associação com
outros fatores de risco para doença coronariana.
- Dietas ricas em colesterol e gorduras saturadas podem aumentar os níveis
circulantes de colesterol. Dietas ricas em gorduras insaturadas podem baixar
os níveis de colesterol.
- O tratamento do colesterol alto, consiste em dieta, perda de peso,
exercícios e, nos casos indicados, medicação.
O que é colesterol?
Colesterol é um composto químico gorduroso que integra a membrana das
células do organismo. A maior parte é sintetizada no fígado e é transportada
no sangue por proteínas especiais, as "lipoproteínas", encarregadas da
distribuição deste colesterol por todas as células do corpo. As mais
imporantes são o LDL e o HDL. Como esta substância integra as células do
corpo, é natural que os alimentos de origem animal sejam ricos em colesterol.
Os vegetais, por sua vez, são pobres em colesterol.
Como o colesterol leva à doença do coração?
O LDL é o mais importante carreador de colesterol no sangue. Costuma ser
denominado "mau colesterol" porque seu excesso no sangue associa-se a doença
das artérias coronarias. A LDL lipoproteina deposita o excesso de colesterol
na parede das artérias provocando a formação de placas gordurosas que
estreitam os vasos e podem impedir a circulação do sangue. Estas placas de
aterosclerose podem localizar-se nas artérias que nutrem o coração, as
coronárias, dificultando a circulação do sangue e podendo levar à isquemia
do músculo cardíaco, ou seja, ao sofrimento do coração por falta de sangue e
oxigenação adequada. A isquemia pode provocar dor no peito (angina) e um
coágulo formado na região da placa pode, por fim, bloquear completamente a
passagem do sangue, provocando o infarto.
As HDL lipoproteínas, ou "bom colesterol" remove o colesterol da parede das
artérias, levando-o de volta ao fígado. Quanto maior sua cocentração no
sangue, maior a proteção conferida contra o excesso de colesterol e a doença
aterosclerótica.
Por quê é importante controlarmos o colesterol o sangue?
Os seguintes fatores aumentam o risco de doença coronariana:
- Colesterol alto
- Fumo
- Pressão alta
- Diabete
- Obesidade
- Idade: homens acima de 45 anos e mulheres acima de 55 anos
- Sexo masculino
- História de doença coronariana nos familiares próximos
Juntamente com o fumo e a pressão alta, o colesterol é um dos principais
fatores de risco para doença coronariana passíveis de controle. Idade, sexo,
história familiar são considerados fatores de risco não modificáveis. O
controle do colesterol retarda o endurecimento das artérias e pode mesmo
reverter o processo de crescimeto da placa, ou seja, levar à sua regressão,
ainda que parcial. Estudos clínicos demonstraram que a queda de um ponto
percentual nos níveis de colesterol associa-se com uma queda de dois pontos
percentuais (o dobro!) no risco de ataque cardíaco. Recentemente demonstrou-se
que o tratamento agressivo do colesterol alto com medicamenos e dieta
reduziu significativamente o risco de morte decorrente de aterosclerose
coronariana, além de melhorar a sobrevida dos pacientes.
Quando se deve dosar o colesterol e quem deve ser tratado?
Recomenda-se dosar o colesterol no sangue a cada 5 anos a partir dos 20 anos
de idade. A chance de desenvolver doença do coração aumenta
proporcionalmente ao aumento do colesterol. Os níveis ideais situam-se
abaixo de 200 mg/dl. Indivíduos acima de 35 anos e com colesterol em níveis
ideais não precisam de tratamento. Quem tiver colesterol total elevado e LDL
acima de 130, necessita dieta, perda de peso e exercícios. Recomenda-se o
uso de medicação para aqueles com LDL alto, acima de 190 apesar da dieta.
Para quem tiver mais de dois fatores de risco, a recomendação de remédios é
feita em níveis mais baixos de LDL, por volta de 160.
Já para os indivíduos sabidamente portadores de doença coronariana,
recomenda-se uma abordagem mais agressiva: remédios para quem tiver LDL
acima de 130, visando deixá-lo abaixo de 100.
O que são triglicerídeos e como afetam as artérias?
Os triglicerídeos são a principal gordura originária da alimentação, mas
podem ser sintetizados pelo organismo. Altos níveis de triglicerídeos (acima
de 200) associam-se à maior ocorrência de doença coronariana, muito embora
altos níveis de triglicerídeos costumem acompanhar-se de baixos níveis de
HDL, sendo, portanto difícil apontar o verdadeiro "vilão": se o riglicerídeo
alto ou se o HDL baixo";
A ingestão de gordura, doces e alcool pode elevar os triglicerídeos, razão
pela qual deve-se medir sua concentração no sangue após 12 horas de jejum.
Triglicerídeos muito altos, acima de 400-500, podem causar inflamação do
pancreas (pancreatite) e devem, pois, ser tratados agresivamente com dieta e
drogas.
O que influencia o nível de colesterol no sangue?
Volta e meia escutamos no consultório médico um paciente reclamando pelo
fato de não ser gordo, não comer "gordura" e mesmo assim ter colesterol
alto. Não obstante o aumento de peso e a ingestão de gordura animal possam
aumentar o colesterol, o componente hereditário é decisivo. Aquele indivíduo
tem colesterol alto constitutivamente, porque os instrumentos de que o
organismo, mais especificamente o fígado, lança mão para remover o excesso
de colesterol circulante, não existem em quantidade suficiente ou não
funcionam em sua plena capacidade. Um a cada 500 adultos têm uma
anormalidade genética que impede o organismo de processar adequadamente o
LDL colesterol. Tais indivíduos terão o colesterol alto mesmo ingerindo-o em
quantidades pequenas.
As chamadas dietas ricas em gorduras saturadas, ao contrário das insaturadas,
têm a propriedade de aumentar o colesterol. Esse tipo de gordura é
principalmente encontrado nos alimentos de origem animal, principalmente
carne, queijos, leite integral, manteiga, cremes... A maioria dos óleos
vegetais, exceção feita à gordura de coco e óleo de cacau, é rica em
gorduras insaturadas e não eleva o colesterol. Os óleos de oliva e canola
são ricos em gorduras monoinsaturadas e podem até mesmo ter um efeito
protetor contra a aterosclerose coronariana. Infelizmente alguns óleos
vegetais podem ser convertidos em gorduras saturadas por processos
industriais de hidrogenação: são justamente aqueles responsáveis pelas
margarinas "cremosas"…
Qual o tratamento para níveis elevados de colesterol e triglicerídeos?
Para começar, dieta, exercícios físicos e perda de peso constituem o tripé
insubstituível mesmo para quem precisa de remédios para baixar o colesterol.
A redução da ingestão de colesterol e gorduras saturadas e o aumento no
consumo de fibras pode reduzir em 10 a 15% os níveis sanguíneos de
colesterol e em 15 a 20% os de triglicerídeos. Mas caso níveis elevados
persistam com a dieta, indicam-se os medicamentos. É fundamental compreender
que a eficácia do uso dos redutores de colesterol em prevenir morte cardíaca
e infarto depende de seu uso contínuo. Não adianta tomar um medicamento caro
como a pravastatina por dois ou três meses e parar. Isto é jogar dinheiro
fora!
A colestiramina (Questran) é um preparado que deve ser misturado com líquido.
Uma vez no intestino, esta substância fixa os sais biliares e impede a
absorção de gordura e colesterol. Entretanto, sua eficácia é proporcional à
dose ingerida e, infelizmente, a tolerabilidade do organismo para doses
acima de 2 a 3 saquinhos diários é bastante reduzida, podendo levar a
nauseas, indigestão e constipação intestinal.
Os fibratos, como o gemfibrozil (Lopid) têm mais ação sobre os
triglicerídeos, ao mesmo tempo em que aumentam os níveis de HDL, o "colesterol
bom".
Os inibidores da HMG CoA redutase (mevacor, pravacol, zocor, lipitor,
citalor, reducol, minor, lipobay) são os mais eficazes e bem tolerados
redutores de colesterol e atuam boloqueando a síntese desta substância pelo
fígado. Elas podem reduzir o LDL colesterol em 25 até 50%, ao passo que
aumentam o HDL em 5 a 10%.
Até o momento, cinco estudos de grande porte documentaram a eficácia destes
medicamentos em prevenir infartos e morte cardíaca tanto em pacientes
aparentemente saudáveis, como em pessoas já portadoras de doença das
artérias coronárias. Não custa relembrar que estes resultados favoráveis são
dependentes de uso continuado!
Pacientes com hipercolesterolemia familiar podem necessitar de combinações
de medicamentos e, nos casos mais graves, podem necessitar de recurso a
aparelhos de "diálise" que removem o colesterol da circulação à semelhança
de uma hemodiálise para pacientes.
|