Fundada em 20 de agosto de 1946, no
Hospital do Centenário, como Sociedade de Cardiologia de Pernambuco, é a
segunda sociedade estadual mais antiga da SBC.
Seu primeiro presidente foi Fernando R. Morais que, a seguir, foi sucedido por:
Fernando Simões Barbosa; Arnaldo Marques; Paulo Borba; Alcedo Gomes (dois
períodos); Ivan Amorim; Rostand Paraiso; Edgar Victor; Jarbas Malta.
Recife foi sede de congressos nacionais da SBC em 1949, sob a presidência de
Arnaldo Marques; em 1956, sob a presidência de Fernando Simões Barbosa; e em
1966, sob a presidência de Paulo Borba. Esses congressos foram um grande
estímulo para o progresso e crescimento da especialidade no Estado.
Fato marcante no período foi a comprovação da existência, com alta incidência,
da cardiopatia chagásica crônica em Pernambuco. No congresso de 1949, foi
apresentado levantamento nosológico do Hospital Pedro II (Universitário), no
qual não constava qualquer caso de doença de Chagas. Alguns casos isolados,
comprovados ou suspeitos, foram apresentados por Arnaldo Marques, Aristides
Paula Gomes e Ruy João Marques e estudo epidemiológico de Durval Lucena mostrava
a existência de triatomídios infestados no Estado.
Em 1953, Adejardo F. da Silva, apresentando um caso agudo, escrevia: "a forma
crônica é considerada raridade, como era no Sul do país até 1945". Paulo Borba,
então no mesmo ano, com a colaboração de Ivan Amorim e Aristides de Paula Gomes,
médico no município de Nazaré de Mata, fez um inquérito sorológico em 350
pacientes daquela localidade, entretanto 77 casos positivos, dos quais 33 foram
internados no Hospital Centenário, em Recife, e estudados curiosamente.
Defendeu, na ocasião, a responsabilidade da doença de Chagas nos casos de
mesaesôfago (etiopatogenia, na época, não aceita pela maioria).
A primeira cirurgia cardíaca foi realizada em 1954, no Hospital Oswaldo Cruz,
por Joaquim Cavalcanti, auxiliado por Fernando Pinto Pessoa e Mauro B. Arruda.
Em 1955, Ruy João Marques publicou excelente tese, na qual fez estudo
epidemiológico, apresentando 80 casos de várias regiões do Estado, inclusive do
Sertão.
Em 1956, foi criado por Fernando Simões Barbosa, no Hospital Pedro II, o
Instituto de Cardiologia, vinculado à Universidade Federal de Pernambuco, que
enviou inúmeros jovens médicos para aperfeiçoamento no exterior. Essa
instituição teve papel decisivo no crescimento da cardiologia pernambucana que,
na época se destacou nacionalmente. Foram importantes membros desse Serviço os
Cirurgiões Luiz Tavares da Silva, Milton Lins, Eugênio Albuquerque, Mauro B.
Arruda, dentre outros, e os clínicos Newton de Souza, Ovídio Montenegro,
Fernando da Rocha Carvalho, José Costa Rocha, Ivan Cavalcanti, Rostand Paraíso,
Luciano Lôbo, Norma Palmeira, Edgar Victor e muitos outros. Em decorrência desse
trabalho, surgiu grande interesse pela especialidade cardiológica, com equipe
sempre renovada e em expansão, com produção científica reconhecida no país.
Em abril de 1960, foi feita a primeira cirurgia cardíaca pernambucana com
circulação extracorpórea, por Luís Tavares da Silva auxiliado por Mauro B.
Arruda.
Em 1965, a entidade passou a ser denominada Sociedade Pernambucana de
Cardiologia. No final da década de 60, destacaram-se no ensino e pesquisas
clínicas publicadas. Newton de Souza, Granville Costa, Ivan Cavalcanti, Edgar
Victor, Eleazar Machado e José Costa Rocha (Secretário-Geral do Congresso da
SBC, de 1976), entre outros.
Ainda nesta época, Paulo Borba publicou os primeiros casos em Pernambuco, da
cardiopatia do lupo eritematoso. Nesse período inicial, o Especialista local
mais ligado à Sociedade Brasileira de Cardiologia foi Paulo Borba, pois além de
fundador e 1º Secretário da primeira Diretoria da Sociedade Pernambucana de
Cardiologia, apresentava importante contribuição aos Congressos da SBC. Foi
representante da SBC, em Pernambuco, de 1953 a 1959 e de 1965 a 1968,
vice-presidente (1965-1966) e presidente (1966-1967).
No início da década de 70, a cardiologia pernambucana atingiu grande avanço, com
a criação do Serviço de Cardiologia do Hospital Oswaldo Cruz (HOC), vinculado à
Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco (FCMPE-FESP-UP). A iniciativa partiu
de vários professores e médicos de renome que, em conjunto com o INMPS, tendo
como superintendente, na época, o cardiologista Alcedo Gomes, resolveram
juntamente com o diretor da FCMPE Antônio Figueira e Luiz Tavares da Silva,
titular de Cirurgia Torácica, criar um pólo de assistência cardiológica global,
incluindo cirurgia cardíaca, destinado ao atendimento dos previdenciários e não
contribuintes. Com esse fim foi assinado um convênio entre as duas instituições
(INAMPS/HOC), começando em agosto de 1972.
Inicialmente, a equipe era composta por Ovídio Montenegro, Nagib Assi e Fernando
da Rocha Carvalho, responsáveis pela parte clínica, e pelos cirurgiões
cardiovasculares Luiz Tavares da Silva (Chefe do Serviço), Milton Lins, Eugênio
Albuquerque, Fernando Pinto Pessoa, Maurício Bouqvar e Ahilson Roberto Correa,
sendo a equipe de hemodinâmica composta por Genival Japiassu, Euler Mesquita e
José Henrique Mota.
A partir desse embrião, o serviço cresceu bastante e passou a te importância
como centro de referência em cardiologia, não só no Estado de Pernambuco, como
também nas Regiões Norte e Nordeste. Vale ressaltar que o trabalho desenvolvido
não se restringia apenas ao plano assistencial, uma vez que, com sua criação, a
cardiologia pernambucana apresentou grande avanço pedagógico, contribuindo
sobremaneira para a formação de novos cardiologistas, assim como para a produção
de inúmeros trabalhos apresentados em congressos e publicados em revistas
nacionais e estrangeiras.
Em 1971, assumiu a presidência da Sociedade Pernambucana de Cardiologia, Carlos
Morais, seguido, sucessivamente, por Mauro Arruda (duas vezes), e Euler
Mesquita. Após 1976, com a eleição de Luiz Fernando Salazar de Oliveira, tendo
como vice Enio L. Cantarelli, a Sociedade pernambucana de Cardiologia recebeu
grande impulso com atividade científica mensal (cursos, jornadas, simpósios)
contando sempre com renomados cardiologistas nacionais quadruplicando o seu
quadro de associados e tendo maior representatividade nacional, culminando com o
congresso da SBC de 1980 – (presidido por Enio L. Cantarelli). Foram presidentes
a partir de 1977: Enio L. Cantarelli, Roberto Pereira, Fernando Viana, Octacílio
Araújo, Sérgio Montenegro (que fez o 1º Congresso Pernambucano de Cardiologia),
Dário Sobral Filho, Éfrem Maranhão e Edgar Pessoa de Melo Júnior.
Em 1973, Paulo Borba, como chefe do Departamento de Medicina Clínica da
Universidade Federal de Pernambuco, promoveu uma reforma no currículo médico, de
que resultou a criação da Disciplina de Cardiologia, instalada em 1974.
Ainda nesse ano foi criada no HOC, a 1ª unidade coronariana pública, sob a
supervisão sucessiva de Luiz Fernando Salazar de Oliveira, Enio L. Cantarelli,
Roberto Pereira e Clênio Ribeiro. Em 1975 foi inaugurada uma ampla emergência
cardiológica. Tendo em vista o potencial do Serviço na área de ensino da
cardiologia e a demanda de candidatos e estagiários, criou-se em 1985, no
Hospital Oswaldo Cruz da Faculdade de Ciências Médicas, por iniciativa de Nagib
Assi e Wilson Oliveira Jr., o primeiro Curso de Especialização em Cardiologia,
aprovado a seguir pelo Conselho Estadual de Educação. Sob a coordenação dos
referidos professores, o curso contou com a colaboração direta de Enio L.
Cantarelli, Luiz Fernando Salazar de Oliveira, Roberto Pereira e Cleuza Lapa,
destacando-se ainda a atuação de Sérgio Montenegro, Maria do Socorro Leite,
Deuzeny Tenório, Catarina Cavalcanti, Marlene Rau, Lúcia Machado, Clênio
Ribeiro, Claudio Renato P. Moreira, além de outros membros da equipe, docentes e
não-docentes. Na implantação e evolução foi importante o apoio dos diretores do
HOC, Octacílio Araújo e Ricardo Paiva.
No seu oitavo ano consecutivo, o Curso de Especialização já preparou cerca de 70
médicos, hoje exercendo a cardiologia em diferentes Estados do país. É de se
destacar a importância da Disciplina de Cardiologia da FCMPE, como um alicerce
de todo esse Serviço tendo sido, inicialmente, regida por Luciano de Oliveira, e
como assistentes José Ribamar Rodrigues, Max Odemheirmer, Raimundo Rubens e
Fernando Viana. Posteriormente Paulo Borba assumiu a regência, seguido por Nagib
Assi (atual regente), Fernando Viana, Enio L. Cantarelli, Wilson Oliveira,
Ricardo Coutinho, Levi Pedrosa e José Breno. Atualmente foi implantado um
programa de residência médica, com duração de 3 anos. O Serviço conta com 100
leitos e 70 cardiologistas, estando aparelhado para os procedimentos mais
recentes, invasivos e não invasivos.
Nos últimos 21 anos, acompanhando a evolução da Cardiologia mundial,
multiplicaram-se os serviços especializados no Estado. Os mais modernos métodos
de diagnóstico foram introduzidos na prática cardiológica pernambucana, enquanto
a cirurgia consolidou-se e expandiu-se. Surgiram vários novos cirurgiões e
destacaram-se as equipes sob o comando de Milton Lins, Mauro Arruda, Carlos
Moraes (que fez o primeiro transplante cardíaco no Estado), Ricardo Lins,
Frederico Vasconcelos, Mário Gesteira e Ricardo Lima. Inúmeros e competentes
cardiologistas clínicos apareceram e grande número de jornadas no Recife e
interior, bem como 17 cursos foram realizados.
Em 1992, Recife foi sede do congresso da SBC (presidido por Éfrem Maranhão), com
um exemplar programa científico e social. É difícil ressaltar nomes num período
tão fértil, mas não se pode deixar de nomear Enio L. Cantarelli, o segundo a
exercer por duas vezes a presidência da Sociedade Brasileira de Cardiologia
(1981-1991) após o fundador Dante Pazzanese e, Éfrem Maranhão, presidente da
Sociedade Pernambucana de Cardiologia (1990-92) e presidente do recente
congresso da SBC.
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