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ENTREVISTA – Dr. Renato D. Lopes
17/5/2014
Professor Associado da Divisão de Cardiologia do Dep. de Medicina do Duke University Medical Center, Durham/USA, professor afiliado da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) e Diretor do Brazilian Clinical Research Institute (BCRI), em São Paulo, o cardiologista brasileiro Dr. Renato D. Lopes representa um dos principais nomes de grupos de pesquisa de antitrombóticos no mundo. Em entrevista ao Jornal Notícias do Congresso, Dr. Ranato ressalta o avanço da Cardiologia.
SBC-BA: Como o senhor avalia a transformação da Cardiologia, o tema do congresso?
Renato Lopes: Dentre as outras especialidades, a Cardiologia é pioneira em diversos aspectos no que tange fundamentalmente ao aprimoramento do tratamento, à descoberta de novas medicações e da tecnologia, e à pesquisa clínica que move toda essa inovação. Atualmente, os estudos em cardiologia envolvem vinte, trinta mil pacientes para conseguir aprimorar de maneira inovadora e precisa novas drogas, estratégias terapêuticas e diagnósticos, enquanto outras disciplinas fazem estudos com cem, duzentos, trezentos doentes sem poder estatístico adaquado para se avançar a medicina. A despeito disso, às vezes conseguem aprovar novas drogas pela necessidade de ampliar as possibilidades de tratamento e ter novas opções, a exemplo da Oncologia. Nossas pesquisas têm desfechos importantes como mortalidade, infarto, AVC. Os resultados são muito mais aplicáveis na prática clínica, pois envolvem 40 países, mais de mil centros em todo o mundo, o resultado das amostras é bem mais acurado e menos sujeito ao acaso. O tema do congresso é pertinente porque a Cardiologia sempre está em transformação, inovando e aprimorando a prática médica como um todo porque interage com várias outras especialidades.
SBC-BA: Quais os principais avanços nas pesquisas sobre anticoagulantes e antiagregantes plaquetários?
R.L.: Nós ficamos limitados a uma única droga por 70 anos, a varfarina, que é muito eficiente porém com inúmeros efeitos colaterais. E agora, fundamentalmente, nos últimos cinco anos, nós dispomos de quatro novas drogas anticoagulantes, todas mais seguras e eficazes que a varfarina. Três delas já aprovadas, inclusive no Brasil, e outra em processo de aprovação nos EUA, deve estar no mercado até início de 2015. Amplia-se as opções de tratamento com drogas mais seguras. A Cardiologia tem esse poder, num curto período de tempo, consegue mudar o campo completamente. Nós estamos escrevendo inúmeros artigos baseados nesse banco de dados onde já existem mais de 100 artigos escritos. Estamos reescrevendo o conteúdo de Medicina Interna de Fibrilação Atrial e Prevenção de AVC, baseado em quatro estudos. Todos os conceitos usados nos últimos 200 - 300 anos estão sendo reescritos com conceitos mais modernos, resultando num melhor atendimento para o nosso paciente.
SBA: Esta é a sua terceira participação no evento. Como avalia a importância dessa parceria para a cardiologia baiana?
R.L.: Este ano, tivemos uma participação mais expressiva, é o reflexo do sucesso da edição anterior do simpósio, da importância dessa parceria, do trabalho árduo da diretoria da SBC-BA. Nossa visão é trazer a Duke University para o Brasil, particularmente para a Bahia, onde todos ganham. Nós temos a oportunidade de dividir conhecimento de liderança de estudos, temos acesso à prática dos cardiologistas locais, e o produto final dessa parceria é o paciente ter uma melhor opção de ser tratado, isso nunca pode ser perdido de foco. São parcerias como essa que avançam a medicina.
Cinthya Brandão - DRT/Ba 2397